MOÇAMBIQUE

Moçambique, oficialmente a República de Moçambique, é um país no sudeste da África com o Oceano Índico a leste, a Tanzânia a norte, o Malawi e Zâmbia a noroeste, o Zimbabwe a oeste e a Swazilândia e a África do Sul a sudoeste. Entre os séculos I e V, os povos de língua Bantu migraram desde o norte e oeste e estabeleceram-se. Os Suaíli, e mais tarde os árabes, criaram portos comerciais ao longo da costa até a chegada dos europeus. A região foi explorada por Vasco da Gama em 1498 e o território foi colonizado por Portugal em 1505. Moçambique tornou-se independente em 1975 e logo após a independência foi palco de uma guerra civil intensa e duradoura de 1977 a 1992.

A população de cerca de 22 milhões de habitantes é constituída por diversos grupos étnicos: os Makhuwa, os Tsonga, os Makonde, os Shangaan, os Shona, os Sena e os Ndau, entre outros grupos indígenas, e cerca de 10.000 europeus, 35.000 euro-africanos e 15. 000 sul-asiáticos.

Moçambique é um dos mais pobres dos países subdesenvolvidos mas está em franco desenvolvimento. A actividade económica baseia-se essencialmente agricultura mas a indústria está a crescer rapidamente.

A única língua oficial é o Português e cerca de metade da população falam-no, como uma segunda língua e poucos como primeira. As línguas faladas nativamente incluem o suaíli, makhuwa, e o sena.

A maior religião é o cristianismo, com a religião muçulmana e as religiões africanas tradicionais como as principais minorias.

Fui para Moçambique em Abril. O mais a sul que me tinha aventurado, em África, era o Egipto. Não fazia ideia do que ia encontrar. Era uma experiência e oportunidade únicas e entusiasmei-me com o desafio de ficar fora 6/8 meses. Fui sozinha, sem família, sem amigos. Foi uma aposta de risco e coragem. Passados 5, quando iniciei este blog, já tinha valido a pena! As saudades apertavam, às vezes o coração doia, mas era tudo novo e distraia!

África para mim foi um aprender que ainda há muitos verdadeiros paraísos na terra para eu explorar e que ainda há gente muito boa e genuína por conhecer e isso encantou-me! Foi uma aventura, um viver de "perigos" e emoções tão diferentes das que se vivem na Europa que só por isso foi para esta pertença aventureira uma delicia... Foi uma aprendizagem e encontro pessoal que só se tem quando se vai só para longe e foi o orgulho de ter superado a prova... Foi um aprender na prática a viver uma vida mais simples e rica... Foi um ganhar de uns tantos amigos que vão ficar para a vida... Foi um re-sentir que Deus existe e está comigo... Ganhei tanto que ia e voltaria a embarcar de novo numa experiência destas... Não se iludam porque nem tudo é fácil e também há lá muitas coisas más e feias... mas feitas as contas, vim milionária...

Aqui ficam as cores do que não se explica só em palavras ou a preto e branco...

1. MAPUTO

A capital de Moçambique é a cidade de Maputo, anteriormente conhecida como Lourenço Marques.

Os contrastes...









Os Moçambicanos...

A população de cerca de 22 milhões de habitantes é constituída por diversos grupos étnicos: os Makhuwa, os Tsonga, os Makonde, os Shangaan, os Shona, os Sena e os Ndau, entre outros grupos indígenas, e cerca de 10.000 europeus, 35.000 euro-africanos e 15. 000 sul-asiáticos. 40% são cristãos, 20% muçulmanos, e 40% seguem crenças indígenas e outras religiões incluindo o budismo e o hinduísmo.
A simplicidade e calor deste povo... Foto tirada à saída de Maputo.




Viver em Maputo, a minha experiência...





O mais importante os amigos... de todas as cores...





Sempre prontos para a diversão...




A música de Moçambique pode servir a muitos propósitos, que vão desde a expressão religiosa às cerimónias tradicionais. Os instrumentos musicais são geralmente feitos à mão. Alguns dos instrumentos utilizados incluem tambores feitos de madeira e pele animal; o lupembe, um instrumento de sopro feito de chifres de animais ou de madeira, e a marimba, que é uma espécie de xilofone. Há quem diga que a música de Moçambique é semelhante ao reggae e calypso das Índias Ocidentais. Outros tipos de música são populares em Moçambique como marrabenta e música lusófona como fado, o samba, bossa nova, maxixe e kizomba. Na fotografia em baixo temos o Hugo a tocar Violino, não é uma música tipica de Moçambique mas era delicioso ouvi-lo a tocar!





E as despedidas que custavam sempre... Aqui as fotografias da despida do Manel, já estavamos cheios de saudades!




Adorei trabalhar no Pestana Moçambique e África do Sul. Vou ter imeeensas saudades dos amigos que fiz! Mas eu prometo voltar para matar saudades... Para já vou para o Pestana em Portugal...




A despedida... As minhas queridas amigas de Moçambique organizaram-me uma festa de despedida e inúmeras surpresas! Adorei! Estou a morrer de saudades de todos! Obrigada por tudo! Adoro-vos!

Durante a festa, tive algumas surpresas, uma delas foi o passarem um vídeo no data show... foi uma emoção! Aqui estão algumas fotografias desse momento:





E aqui está o vídeo que passaram na festa...




Não deu para não chorar...




A t-shirt e colar e o livro forrado a capolana com mensagens, que me ofereceram... Obrigada organizadoras pelas ideias e pelo trabalho, adorei!




As partidas: 1ª Bolo na cara...




2ª Atirada para dentro da piscina...




Ah e sim, sim a Patrícia é cá da malta... eheh E não só por não se ter zangado com as partidas...




Os amigos e a festa... Que saudades!!! Vejam o video:
Muito obrigada Tiago pelos videos, adorei!




Depois de regressar a Portugal voltei duas vezes a Moçambique aqui ficam as fotografias... e o que escrevi aos meus amigos na primeira vez que lá voltei.

Meus queridos! Adorei matar saudades vossas!! Foi uma visita muito curta e decidida à última da hora mas valeu a pena! Grande grupinho que fica aí!! Tenho pena de não ficar ai convosco! Mas por agora o meu lugar é mesmo aqui por Portugal… De qualquer modo contenta-me saber que talvez seja mais simples rever-vos do que parecia…Beijinhos!!!

PS1 Àqueles que não consegui ver deixo aqui beijinhos meus… para a próxima aviso com antecedência e aviso todos para conseguir ver toda a gente… desculpem mas desta vez não deu e tive de contar só com o passa-palavra…
PS2 Obrigada Nuno por teres organizado o jantar!
PS3 Obrigada Fernando pelo alojamento!
PS4 Obrigada Susana pelas boleias!
PS5 Obrigada a todos os que souberam que estava ai e apareceram!

Desta vez além de estar com os amigos aproveitei para voltar ao mercado de artesanato local que tem peças fabulosas em madeira, marfim e osso, capolanas, quadros, batiques e todo o tipo de artesanato, vale a pena visitar.




Na terceira vez que estive em Moçambique também passei apenas mais um fim-de-semana em Moçambique... Desta vez fui com a Isabel, que foi fazer voluntariado, e com um amigo dela, apresentá-la aos meus amigos de Maputo. Tirei poucas fotografias mas resumindo matei saudades, acima de tudo dos amigos que ainda lá estão, mas adorei também conhecer as novidades e voltar aqueles sítios que ficarão sempre no coração! Foi terapêutico!




2. PRAIA DA MACANETA


Primeiro Mergulho no azul quente do Índico...






3. INHACA


Lodge Pestana Inhaca - Uma viagem de trabalho...





E uma outra viagem a Inhaca com a Marta e a Carla - um dia de aventuras...




Mais uma viagem a Inhaca, desta vez um fim de semana no mar:  Maputo-Inhaca-Maputo...





4. BEIRA

Festa de anos da Joaninha!!!







5. MEZAMBIQUE


Visita a "casa" da Ana que esteve 2 meses a viver e trabalhar no mato...






6. GORONGOSA

Fabuloso o Parque Natural da Gorongosa! Obrigada a todos da Fundação Carr!







Passeio a pé às Cascatas...





7. PONTA DO OURO


Primeira ida à Ponto do Ouro... É uma aventura só chegar lá...





Segunda ida à Ponta do Ouro: desta vez 14 numa casa à beira mar, mais 8 visitantes... a casa um espectáculo o ambiente do melhor!




8. INHAMBANE

Lindo! 600 km*2 de carro que valeram muitooo a pena...







9. BILENE

Para festejar o casamento da Joaninha e do Francisco!!!







10. CATEMBE

Uma quinta fantástica! Anfitriões excelentes!







11. CHIDENGUELE

Mais um fim-de-semana fora... Mais 300 km*2, 3 jipes, 14 pessoas, 3 casas, 4 tendas, muitas piscinas naturais... muitas baleias avistadas, óptimo convívio, óptimos cozinheiros, óptimos seguranças eheh, alguns sustos com os jipes, com as rochas e algumas partidas...









12. CHONGOENE


Enquanto eu andava em viagem pelo Norte a diversão continuava... eu não estive no Chongoene mas aqui fica um video dos meus amigos...




Video feito por Tiago Pinhal (Adorei!)


13. MATOLA

Tarde de sábado, de paintball...

Pois é... existe de tudo em Maputo ou nas redondezas... há karts, há golfe, há squash, há discotecas, há bares, há restaurantes, há supermercados, há cinema, há de tudo... claro que as condições a maior parte das vezes não são as melhores, mas às vezes até dá para ficar surpreendido.. por exemplo existe uma discoteca que se chama coconuts que está à altura de muitas de cá... bem mas deixando de divagar... aqui estão as fotografias de uma tarde em que se decidiu ir jogar paintball... houve almoço, piscina, baloiços, etc mas acima de tudo muita risota quando os nossos queridos amigos apareceram vestidos para o jogo!






14. BAZARUTO

Lamentável a desgraça que se abateu sobre a ilha há pouco tempo e que destruiu muito das casas dos habitantes da ilha e que deixou o lodge onde estive, do grupo pestana, num estado bastante mau... teve de fechar e só vai reabrir em Julho... Fez-me impressão estar a ouvir as noticias cá acerca deste sitio fabuloso onde tinha estado uns poucos meses antes...

Vista do ar perto de Vilanculos, cidade na costa de Moçambique de onde se apanha o avião para a ilha de Bazaruto, também esta cidade foi muito destruída e morreram muitas pessoas devido ao furacão...




Aterragem em Bazaruto com alguns percalços... África...




No lodge...





Passeando pela ilha... Reparem na penúltima foto - Uns jornalistas Sul-Africanos estavam em trabalho na ilha para fazerem uma reportagem acerca de cerca de 20 golfinhos que apareceram mortos na costa, julga-se que devido a testes com sonares que lhes influenciaram a capacidade de orientação...




Lounge na praia com um grupo de amigos que fiz lá...



O regresso com precedido de uma mudança de pneu do avião e mais uma fotos que eu, a Maxine e a Nicole, que regressavam no mesmo voo que eu, tirámos à vontade porque os pilotos o Andre e o Low eram uns dos nossos amigos e por isso estávamos no avião como quem está em casa ehehe...




15. NORTE DE MOÇAMBIQUE

Conhecer Moçambique e África não é só viver em Maputo, não é passar fins-de-semana em lodges mais ou menos fantásticos, é aventurar pelo Norte, tanto litoral como interior, é conviver com as pessoas, é dormir nas aldeias, é andar de machibombo e de chapa só com uma mochila às costas, é passar tempo com pessoas que vivem em sítios onde há tão pouco e desejar ter a mesma vida delas, é sentir o carinho dos que nos ajudam, acolhem, recebem... É estar em sítios lindos de cortar a respiração, é ver as estrelas mais brilhantes do mundo, é ver o mar forforescente e nem o conseguir descrever, é pescar no Niassa num barco feito de um tronco de árvore graças há humildade de um pescador que aceitou intrusos, é "nadar" em campos de chá, é estar a 1 m de elefantes e hipopotamos sem protecção, é mascar cana, é beber aguardente de farelo de milho caseira, é estar ao pé de uma mamba verde, é ser completamente picada por mosquitos e dizer que mesmo que apanhe malária valeu a pena... É tanta coisa mais... foi uma viagem tão rica que podia continuar a escrever e escrever e escrever...

Enfim esta viagem superou completamente as minhas espectactivas em termos de beleza e vivências mas sobretudo em termos do calor e do carinho de todos com que me cruzei, amigos, amigos de amigos e estranhos... É uma viagem que nunca mais vou esquecer e tanto os lugares como todas as pessoas ficarão no meu coração. Obrigada a todos!

O percurso:

Maputo-Pemba-Quiribas-Pemba-Ilha-Nampula-Alto Molocué-Gurué-Cuamba-Mandinga-Lichinga- Lago Niassa- Liwonde Park (Malawi)-Mutare (Malawi)-Blantyre(Malawi)-Lichinga-Maputo.

O que está a azul foi feito por estrada: machibombo, chapa, carro... ainda hei-de ver quantos km foram...


15.1. PEMBA

Cheguei a Pemba de avião após uma saída à noite que deu em directa e duas escalas... Pedi umas informações a uns sul africanos que acabaram por me mostrar a cidade.... mais uma vez os contrastes...








Os meus novos conhecidos sul afrianos, a Tammy e o Paul, iam passar o fim-de-semana num iate na Baia de Pemba com uns amigos e vendo que estava sozinha convidaram-me para ir com eles... Acabei por aceitar... Adorei, senti-me lindamente com eles super anfitriãos, educados, gentis! Senti-me em família, à séria!

No iate... À parte do barco que era um espectáculo e da companhia que foi do melhor, lembro a minha suite que me soube tão bem depois da directa da última noite, o mar forforescente... um sonho, as noites lindas sem luar só uma mar de estrelas e algumas constelações conhecidas, o silêncio... já fiquei muitas vezes em iates mas a Baia de Pemba tem qualquer coisa de especial...












Durante o fim-de-semana estivemos em vários sítios de sonho...

A casa do Carrot:










A casa dos Andreas:








Da casa dos Andreas fomos numa bush trip buscar água, após uma boa hora no meio do mato onde havia leopardos e outros animais, chegámos a uma espécie de floresta tropical onde os animais costumam ir beber... por ali andámos a pé quase perdidos uns dos outros, eu e a Tammy quase ficávamos presas na lama quando iamos ter com o Paul que tinah visto uma mamba verde ainda tirei uma fotografia mas não se vê muito bem... no regresso passámos por um embondeiro que albergou gente durante a guerra e por uma machamba... chegámos a casa completamente encardidos da poeira pois iamos quase todos na caixa do jipe...




Também da casa dos Andreas fomos "pescar" à noite... vimos peixes "voadores"... daqueles que quando são atingidos por um foco ficam imenso tempo a andar rapidamente à tona de água, vimos lulas, peixes minúsculos e atirámos tudo de volta ao mar... Adorei andar no meio do mar à noite num "barco de pesca"...







A casa da Kim, do Warren e da Sinead:













A casa do Ruddy:









O lodge em construção do Carrot:













15.2. QUIRIMBAS 

Um dos meus objectivos de ir a Pemba era ir às Quirimbas. Durante o fim-de-semana, através dos conhecimentos do Paul e da Tammy, fomos contactando as pessoas responsáveis pelos transferes para as ilhas... Parecia que não ia dar para ir mas há última hora lá me telefonaram a dizer que ia haver um voo... como estava na cidade e tinha a mochila no barco no meio da Baia de Pemba... tive de pedir ao Paul e à Tammy para ma trazerem... Conclusão: graças à simpatia dos outros passageiros do chefe de escala e dos pilotos que não se importaram de esperar... atrasei o voo cerca de 15 minutos... e lá fui rumo a Matemo e com escala no Ibo...

Enquanto pedia para atrasarem o voo fui falando com as pessoas e perguntei ao piloto se podia tirar fotografias à vontade durante o voo. Respondeu-me que sim e que me sentasse do lado direito senão não ia conseguir ver nada... Quando entrei no avião já não havia lugares no lado direito e tive de me sentar do lado esquerdo... quando ele entrou no avião reparou nisso... qual o meu espanto quando vejo que ele alterou o trajecto e sobrevoámos todas as ilhas pelo lado esquerdo do avião... e ainda me chamou ao cockpit para tirar mais umas fotografias... Mais uma simpatia de pessoa que encontrei nesta viagem!





Em Matemo existem apenas um lodge de luxo e três aldeias... O lodge, é giro e tem uma praia fantástica...






Mas dormir numa das 3 Aldeias, a de Namba, teve muito mais encanto...

Pois é dormi numa aldeia, tive de pedir autorização ao chefe que era o único que falava Português... com as outras pessoas ia falando por gestos mas mal nos entendiamos... optei por aprender a dizer olá - salama- e perguntar o nome- come cata mai- e era linda a reacção de felicidade e gozo deles quando lhes falava ou repetia os nomes... Gente mesmo pura e genuina! E dava gosto observar o encanto deles ao verem as fotos que lhes ia tirando, tirar-lhes uma foto era uma honra e mostrar-lhes uma festa!

Dormi em casa do chefe, rodeada de cuidados e atenções da mulher dele, fizeram-me dormir na cama dos dois, a única da casa onde viviam com cerca de 7 filhos... Recebi tanto de quem não tem quase nada... Recordo a simplicidade o calor e hospitalidade... e de mais uma vez me sentir em família...

Acordei a meio da noite com cânticos e tive de ir ver o que era... mas não vi nada estava a um metro dos que cantavam e não se via nada, a única luz vinha das mil estrelas do céu que conseguia ver entre os contornos das palmeiras, não dá para explicar a sensação de estar naquele lugar...








De manhã tomei banho de tijela ahahah e soube-me tão bem! Depois a mulher do chefe levou-me a visitar a aldeia, a casa da mãe da avó de alguns dos filhos, mostrou-me também a escola, uma loja e o hospital, que podem ver no 3 conjunto de fotografias. Por fim, disse-lhe que tinha de partir e ela e umas dez crianças acompanharam-me todos, atrás de mim durante cerca de uns dez minutos ou mais...






Percorrer a ilha a pé, de regresso ao Lodge, atravessando as 3 Aldeias, cruzando-me com aldeões curiosos e muito acolhedores e tendo como pano de fundo um mar azul que não dá para explicar e uma paisagem de morrer.... ainda fez mais com que esta estadia radical em Matemo tenha valido mais a pena!








O regresso a Pemba, mais um voo fabuloso, é brutal ver este arquipélago do ar... desta vez fui num avião mais pequeno e o piloto, também uma simpatia, perguntou se queria ir no lugar da frente... estilo co-piloto... claro que disse que sim!







15.3. ILHA DE MOÇAMBIQUE

De Pemba segui de machibombo até ao Namial e depois de chapa (3 chapas diferentes...) até à Ilha... Saí de Pemba às 4h am e cheguei ao Namial por volta das 9h e à Ilha por volta das 13h... façam as contas...

De machibombo não custou nada... ia dormindo, vendo uma paisagem do melhor... aquelas rochas gigantes espalhadas pela planície, só vendo... ia me deliciando com as aldeias, com a mudança da côr das paredes das palhotas consoante a côr da terra, e com as pessoas que em cada paragem se aproximavam do autocarro para vender de tudo, galinhas, fruta, mandioca, castanha, bolachas, etc...

Agora de chapa do Namial até à Ilha... é prova de paciência para o melhor dos santos... paragens de 5 em 5 minutos para deixar pessoas entrar e sair da caixa, tudo na maior das calmas... Bem, eu queria chegar cedo à ilha (que segundo eles é sempre "já ali"), não tinha dormido muito... e... paciência de santa ainda não é o meu forte... assim consegui stressar o condutor do 2º chapa (que nunca mais vai levar nenhuma branca na cabine de certeza eheh) que às tantas, só para não me ouvir mais, já punha toda a gente a mexer para nos despacharmos... eheh. Bem, mas a certa altura lá me rendi a que o "já ali" ia demorar pelo menos mais uma hora e meia e lá comprei uma castanhas (caju) a uns miúdos por cerca de 30 cêntimos, despejei-as para uma camisola creme que nunca mais foi creme eheh e lá vim entretida a comer castanhas que deram para mim, condutor, amigo do condutor e pessoal da caixa e tudo, uma festa!





Com a ida às Quirimbas atrasei a minha viagem pelo que só me sobrou uma tarde para visitar a Ilha... não ia ser fácil ainda para mais porque não tinha a menor ideia do que havia para ver... confesso que não fiz tpc para a viagem... apeteceu-me ir completamente à descoberta... mas tive sempre sorte! Mal saí do chapa e começo a atravessar a ilha um rapaz oferece-se para me acompanhar... disse-lhe que não tinha nada para lhe dar mas mesmo assim quis ir comigo... ia levar-me a um hotel onde podia deixar a mochila... acabou por me levar as umas Irmãs Franciscanas que não só me guardaram a mochila como me deixaram tomar um duche!!! (vocês não imaginam o quanto eu estava a sonhar com um duche...)

Já mais leve e fresca lá fui com o meu novo amigo, Faruki, que entretanto se tinha oferecido para uma visita guiada à ilha...

Esta foi a primeira capital de Moçambique e morada de Vasco da Gama (casa no 2º bloco fotografias 1-3 e 3-2). Vasco da Gama chegou à ilha em 1498 altura em que era habitada por árabes. Em 1507 os Portugueses ocupam a Ilha. A influência colonial portuguesa, nesta ilha que parou no tempo é marcante...

A Ilha é um misto de praças e edificios coloniais uns mais ou menos conservados mas a maioria bastante degradados estilo cidade abandonada...; de pequenas praias lindas de morrer; e de bairros degradados e pobres onde vive a maioria da população, estes encontram-se mais na meetade sul da ilha, ou à "entrada" da ilha, entrada porque o acesso principal à ilha é feito por uma ponte que tem cerca de 3 km e que foi construída nos anos 60...











Na altura da ocupação os portugueses construiram um forte e uma feitoria, o Faruki foi um excelente guia da Fortaleza de S. Sebastião a maior da África Austral... Recordo: os espaços enormes e agora desocupados mas a sensação de que ficou na alma daquele lugar algum peso do passado, o sítio está vazio mas ao mesmo tempo parece ocupado... estranho...; a paisagem, as vistas brutais!; a Capela da Nossa Senhora do baluarte, impressionante e ao que parece o único exemplo de arquitectura manuelina em Moçambique... Acho que a capelas mais simples e bonita que vi até agora...; a zona onde os escravos eram vendidos, este era o principal comércio da Ilha que se tinha-se tornado oentreposto da permuta de panos e missangas da Índia por ouro, escravos, marfim e pau preto de África...




Seguem 3 fotografias com mais alguns pormenores da Ilha... e...não tinha contado isto mas à chegada tive de atravessar a ilha para chegar às Irmãs... como sabem vinha um bocado rabugenta e os "já ali" já me estavam a dar cabo dos nervos pelo que me fartei de refilar com os "já ali" do Faruki eheh Conclusão no regresso e porque não devia querer ouvir mais refilices arranjou-me boleia com um primo e lá fui eu e mais a minha mochila de mota até à paragem dos chapas... ehehe Na fotografia em baixo podem ver o rpimo do Faruki na sua bela mota...




Uma curiosidade: o nome desta Ilha que acabou por dar o nome ao país é derivado de Mussa-Ben-Bique, ou Mussa Bin Bique ou ainda Mussa Al Mbique, personagem sobre quem se sabe muito pouco mas que devia ser o chefe da Ilha...


Da ilha queria seguir para Nampula e quando chego à paragem dos chapas, havia uma grande confusão, os chapas só fazem as viagens se o número de pessoas que vão justificarem o trajecto e só partem quando acham que já estão cheios... se isso não acontecer, mandam as pessoas embora e elas que se arranjem com boleias... Embora me dissessem que estavam à espera de quorum e que iam para Nampula eu fiquei um bocado desconfiada... (lembrem-se que eu não tinha dormido quase nada e andava um bocado resmungona)... então comecei a rezingar com o Faruki, que entretanto tinha chegado na bicicleta dele... Bem seja como for resultou o prestável Faruki, possivelmente vendo que o chapa não iria partir ou simplesmente só porque não me podia ouvir mais eheh (brincadeirinha) lá me arranjou boleia com um amigo dele que ia para o Namial a cerca de 1h de Nampula de lá podia apanhar um chapa para continuar a viagem... mas havia um senão ele ia ter de parar antes para carregar sal na carrinha... aí é que não tive mesmo dúvidas, após assegurar-me que era de confiança, fui entusiasmada rumo à nova aventura...

Lá fomos então carregar o sal, primeiro parámos pelo caminho para arranjar mão de obra... e depois seguimos em direcção a uma aldeia que ficava junto às salinas da Ilha de M. A aldeia estava inserida num mangal que não há descrição... Talvez as fotos consigam mostrar o quanto aquele sítio era bonito... Enquanto esperei que carregassem o sal fui passeando pela aldeia e tirando fotografias e rapidamente ficou toda a aldeia entusiasmada com a minha presença...







Também me entretive a ver uma senhora por tranças no cabelo de uma rapariga. Pelo que me explicaram o cabelo delas não cresce como o nosso e então a maioria que tem o cabelo comprido é porque usa perucas ou coloca extensões, eles lá são exímios nisso e no mercado de Maputo há um sem número de lojecas em que se podem comprar perucas, tranças e extensões de todos os tamanhos e feitios...




A primeira foto ainda consegui tirar sem chamar a atenção, na segunda já tinham corrido todos para a pose... mal apontava a máquina para algum lado vinham todos a correr... e imensas vezes pediam-me para lhes tirar fotografias, adoram!







15.4. NAMPULA

Por fim lá seguimos viagem... a meio caminho acabamos por dar boleia às pessoas do chapa que afinal lá tinha saído da ilha da Ilha mas que a meio da viagem decidiu que já não compensava seguir e mandou toda a gente sair... As pessoas lá treparam para cima dos sacos de sal, como é habitual e lá vieram em cima da carga... Eu segui na cabine da carrinha com o dono do sal e com o condutor que me ia explicando quais eram as arvores que iamos passando, como se fazia xima de milho e mandioca (uma espécie de puré) e matapa das verduras da mandioca (uma espécie de esparregado)...





Quando chegámos ao Namial não havia lá chapa nenhum!!! Mas o simpático condutor do chapa anterior rapidamente me arranjou uma boleia de confiança... Um carro particular em que seguiam dois casais... e lá segui no maior dos confortos... O condutor diz-me que vai para o mesmo prédio para onde eu vou, para o edificio do Girasol, que sorte! Vai deixar-me mesmo à porta!

Entretanto à entrada de Nampula, já de noite, um dos casais sai e fico com o outro... depois o senhor que ia a guiar avisa-me que vamos entrar no bairro para deixar a rapariga.... sai da estrada principal para o meio do mato, para o meio do bréu! Não de via nada! Estávamos no meio de um dos bairros degradados dos arredores de Nampula, fora das estradas, no meio das barracas... confesso que não achei muita piada, especialmente quando a rapariga sai e fico sozinha com o condutor... que para ajudar ainda me diz que antes de me levar vai parar em casa dele............... ui!

Bem lá fui um bocado reticente... lá continuamos a andar pelo meio do bairro até que ele entra com o carro para um quintal de uma barraca........ e vêm ao encontro dele os filhos e a familía... ufa!!! Bem, lá descarregou o que queria e em breve estava a deixar-me à porta do hotel Girasol em Nampula onde a Lourena e a Filipa me esperavam...

Como estava a contar: (isto assim aos bocados mais parece a história das mil e uma noites…) - cheguei a Nampula à noite, fui ter com a Lorena, directora do hotel Girassol em Lichinga e com a Filipa que estava lá com ela, contei-lhes as milhentas histórias da viagem até ali chegar e os meus planos que incluíam um mega banho, um jantarão… e um pequeno sono até às 4h da manhã, altura em que tinha de apanhar o machibombo (autocarro) rumo ao Gurué. E assim foi alto duche; a sensação de estar num Spa… e de que os meus pés nunca mais iam ficar brancos tal era a poeira entranhada; um hamburger que me soube como o melhor até à data; e a fabulosa companhia destas duas queridas caras conhecidas, que me albergaram até à minha partida de madrugada! Como dá para perceber não conheci muito de Nampula a não ser o que vi de manhã quando atravessei a cidade de machibombo e o que vi do aeroporto quando fiz escala à ida para Pemba… e digo-vos do aeroporto e do ar esta zona é de cortar a respiração…





15.5. GURUÉ

Saí de Nampula em direcção ao Alto Molocué, local onde tinha de sair do machibombo e apanhar um Chapa para o Gurué… Mais uma vez as paisagens as cores, aqui as palhotas já são encarnadas, mais uma vez como a terra…




Chegada ao Alto Molocué, lá me indicam um chapa e lá me arranjam um lugar na cabina junto ao condutor, foi a pior viagem de todas… porquê? Já explico: Primeiro o chapa é multado e vamos todos para a esquadra… mas vá confesso que essa parte até foi gira eheh… pois é lá ficamos umas duas horas à espera que a policia deixasse o carro seguir… mas ao que parece apenas após o pagamento do que lá chamam refresco (suborno) é que pudemos seguir… mas não sem antes eu ter sido chamada à esquadra por estar a tirar fotografias ao edifício (que se nas fotos que se seguem, atrás do chapa) e isso ser proibido… um misto de protecção pelo que estava a presenciar e de tentativa de mais refresco julgo… valeu-me a minha atitude de quem não está para brincadeiras e o dire diplomático mas que nem cheguei a ter de mostrar… Bem seja como for enquanto esperávamos e como disse entretive-me a tirar fotografias à terra e aos meus companheiros de viagem ansiosos por pousar para a máquina…






Depois porque a senhora que dividia os dois lugares da frente comigo decidiu ocupar um e meio e não houve palavras que a trouxessem à razão simplesmente porque ela e as suas tralhas ocupavam aquilo tudo e não havia nada a fazer… e assim lá fomos um lugar e meio para ela e meio para mim ainda com direito a empurrões devido aos solavancos e à incapacidade daquela alma de querer agarrar-se ao invés de ir literalmente encostada a mim… às tantas já estava quase a dividir o lugar do condutor com as mudanças entre as pernas e com um pé quase na embraiagem do carro…(sem comentários…) Bem mas apesar da falta de sono que poderia ter algumas implicações no meu feitio a viagem foi pacifica… lenta mas pacifica e consegui não matar ninguém… vim, foi, entretida a observar a paisagem que ia ficando menos árida à medida que nos aproximávamos do Gurué, isto pelo que dava para ver pelo pára-brisas completamente rachado do carro…(depois hei-de acrescentar uns vídeos que dá para ver o estado do vidro…)





E chego finalmente ao Gurué…

No Gurué tinha à minha espera uns amigos de um amigo meu, o Vasco, que lá tinha vivido (O Vasco foi uma grande ajuda na organização desta parte final da viagem...). A Verónica e o Miguel foram uns amores adorei ir com eles ver os campos de chá, às cascatas, passear, conversar e comer uns morangos óptimos mas minúsculos que eles tinham no jardim e ao que parece tinham sido plantados pelo Vasco, quando morou naquela casa. contaram-me da viagem que tinham feito pela Zambia, Zimbabue, Botswana, Namibia e fiquei determinada a um dia destes fazer uma viagem assim... Também estavam preocupados porque a casa tinha sido assaltada pelo empregado deles que já estava preso mas não confessava onde tinha escondido as coisas deles... (em África é muito comum os empregados de casa serem homens...mas não é muito comum pelo menos ali este tipo de roubos...).


Quanto ao Gurué é uma zona que tem montanhas relativamente altas e caracteriza-se, fundamentalmente, pela paisagem da cultura do chá, que remonta ao início do séc. XX. O êxito desta cultura deveu-se às características particulares da zona: tipo de solos, condições climáticas e geomorfológicas... Mas palavrões à parte é um lugar que tem um clima parecido ao português, foi como dar um saltinho a casa... até há zonas junto às montanhas que me fizeram lembrar Sintra...







Lá fiquei uma noite, bem jantada e bem dormida, e no outro dia lá parti, depois do pequeno almoço, de boleia com o Miguel para Cuamba.



15.6. CUAMBA


E lá chegámos a Cuamba... é onde vivem os meus queridos amigos Carla e Nuno... que pelo que descobrimos em Maputo... são meus primos pela parte do Nuno... já os devem ter visto porque foram capa da visão no Verão passado. A Carla e o Nuno estavam fora em lua de mel... Cuamba é uma cidade plana, cheia de edifícios e moradias ao estilo Português, as ruas são largas e o calor abrasador embora ainda nem fosse verão... Achei que tinha um certo ar de cidade abandonada... Quando chegámos fomos ter com umas Leigas para o Desenvolvimento que me tinham ficado de me acolher até à minha partida ainda nesse dia para Lichinga. Foram umas queridas mostraram-me a escola onde trabalham... impressionante, assim como o trabalho delas que largaram tudo para se dedicarem a este projecto, algumas já ali viviam longe da família, amigos e aquilo a que chamamos civilização há uns dois anos… almoçámos no jardim de casa delas e levaram-me ao chapa que me ia levar a Mandinga...




A espera pelo chapa foi um novo filme... Para variar o condutor do chapa não queria partir a não ser que a viagem fosse rentável e por isso lá estivemos à espera que se juntasse gente suficiente para o chapa seguir... E eu já bem habituada a estas coisas e sabendo que não havia muito a fazer a não ser esperar e... pronto não tão habituada assim... confesso que fui melgando um bocadinho o assistente do condutor (que é quem angaria viajantes e cobra o transporte quando as pessoas chegam aos destinos) a ver se partimos ou não... Bem mas como disse já habituada a esperas lá me fui entretendo a tirar fotografias ao pessoal... Como já disse os Moçambicanos são fascinados por fotografias e as poses que fazem, vejam bem, dispensam comentários...









Esta rapariga apesar de carregada quando reparou que estava a tentar tirar-lhe uma fotografia parou e cheia daquele atitude calorosa dos Moçambicanos sorriu para a câmara...







15.7. MANDINGA

Bem... após uma espera de 3 ou 4 horas... as pessoas lá se juntaram para arranjar uma solução... lá convenceram outra camioneta a levar em cima da carga as pessoas que estavam à espera cheias de todo o tipo de bagagens: desde fardos de roupa, chapas de alumínio e sei lá que mais... Desta vez a cabine já estava ocupada com o condutor, o dono da carrinha e a mulher dele... portanto nada de cabine para mim... mas confesso que foi com alguma vontade e entusiasmo que lá experimentei a verdadeira viagem de “chapa”: na caixa...





E confesso que foi a melhor viagem de todas... primeiro ia sentar-me em cima de um fardo e os meus companheiros de viagem chamaram-me logo a atenção para não me sentar ali porque era um fardo de... peixe... Acreditem que não cheirava a nada...mas segundo eles... picava... assim lá me sentei noutro sitio e encostei-me a uns fardos de roupa e olhem vim meia sentada meia deitada, cheia de espaço e ar puro a gozar de uma vista que sem janelas ainda é mais alucinante...

Também gostei de ver o espírito de entreajuda que existe entre estes estranhos e que noutros lugares já é coisa rara... todos ajudam todos a instalar-se, mudam-se para que os outros se instalem melhor, ajudam-se a descarregar as cargas... Também a minha perna acabou por servir de ajuda a uma pequenita de uns 4 anos que se agarrou às minhas calças e lá ia mais aconchegada...





Aquelas paisagens a perder de vista agora com visão 360º e a sensação de estar a saborear o mundo são algo que nunca vou esquecer...





Entretanto e com tantas esperas ia chegar a Mandinga tardíssmo e daí ainda tinha que seguir para Lichinga... A ideia era seguir com uns amigos do Vasco mas se me atrasasse eles não podiam esperar e ou ficava em Mandinga ou o Vasco e o João tinham de me ir buscar o que era bem aborrecido porque estamos a falar de umas duas horas de viagem em cada sentido... A Verdade é que estava sem rede e só quando chegasse é que iria saber...

Não havia nada a fazer, já estava habituada aquele "é já ali" (já contei que consoante a duração do "a" podemos ter uma noção da distância? Se perguntamos e dizem "é láaaaaaaaaaa" é preocupante eheheh) Bem, mas como dizia já estava habituada aquele "é já ali" que nunca mais chega e apenas fui gozando a paisagem...
A certa altura e porque já era de noite começou a ficar frio mas de vez em quando passávamos por zonas de queimadas e senti-se um calor bem reconfortante, sem contar com o bonito que era o cenário... (Bonito e quente mas um dos problemas de Moçambique são as queimadas feitas com uma regularidade excessiva e descontroladas e que estão a provocar o "desmatamento" e desflorestamento excessivo - nestas zonas rurais há a tradição de construir palhotas e explorar um terreno circundante durante 2 a 3 anos e ao fim desse tempo queimar tudo e ir fazer o mesmo para outro...)




Bem lá cheguei a Mandinga, continuava sem rede e não fazia ideia para onde ir até porque aquele transporte não era um "chapa" normal portanto não ia para nenhuma "paragem" e ninguém sabia onde era a casa da JFS única referência que tinha... Por sorte vejo passar um carro ao nosso lado com as letras JFS e comecei a acenar para os dois estranhos lá dentro que andavam pela cidade à procura do meu "chapa"... Sorte!



15.8. LAGO NIASSA

Lá seguimos, mais duas horas de viagem até Lichinga, um delicioso jantar com os meus amigos João e Vasco e uma saída à discoteca antes de ir para casa dos Leigos para o Desenvolvimento de Lichinga onde fiquei. No dia seguinte a combinação era pequeno almoço no Hotel Girassol e partida para o lago Niassa, depois de novo Lichinga para apanharmos o João e a Joana e seguimos para o Malawi... Lichinga ia ficar para ver no regresso antes de partir para Maputo.

A caminho do Lago Niassa fomos passando por algumas aldeias e "machambas" (que são o nome que dão aos terrenos cultivados) onde é plantado tabaco. O Vasco trabalhava numa tabaqueira e aproveitámos o caminho para falar com alguns agricultores.

Numa das aldeias notem as palhotas, as casas abandonadas do tempo colonial, o mercedes, a mota e a cabra estilo cão de guarda, contrastes interessantes...




As palhotas são construidas de terra daí a variação da cor das paredes consoante o terreno. Os telhados normalmente são de palha e são mudados quando esta começa a apodrecer, altura em que a substituem por nova. Na fotografia vêem-se os tijolos feitos de terra mas muitas delas não têm as paredes lisas. Uma das ambições de alguns dos moçambicanos, em especial os que vivem nas cidades rurais é terem dinheiro para comprar chapas de metal para os telhados.

Notem também a mandioca a secar ao sol. Existem diversas espécies da planta, que se dividem em mandioca-doce e mandioca-brava (ou mandioca-amarga), de acordo com a presença de ácido cianídrico (que é venenoso se não for destruído pelo calor do cozimento ou do sol).

A farinha de mandioca é normalmente preparada a partir da mandioca-brava. Para se extrair a farinha é necessário o uso de uma prensa e dela retira-se o líquido.

Em Moçambique é comum consumir-se, além da raiz, também as folhas jovens em forma de esparregado, estas são piladas (moídas no pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e depois cozinhada normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão) este prato chama-se "matapa" e é um dos mais populares no país.





Os brinquedos das crianças... a bola feita de trapos e o carro feito de madeira. As crianças normalmente andam por ali a brincar por conta delas ou se ainda são bébes estão com as mães.





Deixámos as aldeias para trás e seguimos em direcção ao lago... não era muito longe e contudo reparem na mudança da paisagem... E sim aquele mar que vêem ao fundo não é um mar... é o famoso e de água doce Lago Niassa!





Lindo este cenário no meio de África! Imagino o espanto de Livingstone ao chegar aqui...





E mais uma vez as crianças... sempre divertidas!





E a primeira grande aventura do dia... Demos com um pescador e o seu barco pronto para entrar na água... perguntámos se o podíamos acompanhar...





E lá fomos! Bem, as fotografias falam por mim... O barco era uma casquinha... abanava por todo o lado, entrava água que se fartava, e lá fomos os três, dois de nós bem divertidos, à pesca do almoço do nosso amigo... Os peixes eram lindos e minúsculos o da fotografia é um dos maiores, e quando ele os pescava atirava-os para o fundo do barco onde continuavam vivos, o que apanhei para as fotografias quase se escapou com um salto mas o pateta caiu dentro do barco...





Depois da nossa aventura no barco seguimos em direcção à praia, pelo caminho passamos por uma bananeira de banana-maça, por umas senhoras a moeram a mandioca, por citronelas que são planta aromáticas que fornece óleo para a fabricação de repelentes contra mosquitos, por uns vendedores de mandioca e de peixe, por uns vendedores de "cabamga" - uma bebida alcoolica feita de farelo de milho e que têm o fabuloso aspecto que vêem na fotografia... e por uns vendedores de cana de açucar... e este foi o meu lanche cabamga e cana!





Ainda a caminho da praia passamos por algumas pessoas, um deles o da primeira fotografia estava bebedíssimo e foi um fartar de rir com ele... Pois é o alcoolismo diurno, diário é um dos problemas destas pessoas que vivem nas aldeias. Também passamos por um grupo de pessoas a arranjar redes e notem o barco de brincar de uma das crianças feito de barro. Também não consegui deixar de fotografar a rapariga que aparece em baixo, um olhar que mostra dignidade e uma certa mágoa perante os dois estranhos.






E finalmente a praia! Vá, não acreditam que é um lago? Pois também me custou acreditar... mas mergulhei e não há dúvidas!





O pastor... Mais uma vez as crianças e as vidas tão diferentes das nossas...





Adorei este passeio! Mas estava na altura de regressar a Lichinga para seguirmos viagem para o Malawi... a fronteira fechava por volta das seis e se não chegássemos a tempo tínhamos de ficar a dormir em Mandinga para partir na manhã seguinte... Apesar de termos voado (o que em Moçambique, onde não há exactamente um 112, não é a melhor das ideias...) já não chegámos a tempo...


15.9. LICHINGA


Depois de visitar o Lago Niassa, aproveitei para conhecer Lichinga e descansar um pouco antes de regressar. Também aproveitei para estar com a Carla e o Nuno que vivem em Cuamba e que estavam a regressar da lua de mel, uma sorte a coincidência!

Tirei poucas fotografias em Lichinga mas a Joana deu-me algumas das dela, são a maioria das que se seguem e que organizei de modo a dar uma ideia de como são e como é a vida nestas cidades mais pequenas de Moçambique.

Os edifícios e o comércio:








Os mercados de rua:





Presente há quase 500 anos, a cultura portuguesa teve um grande impacto na cozinha de Moçambique e introduziu especiarias e condimentos, como cebola, louro, alho, coentro fresco, paprica, pimenta, pimentão doce e vinho, milho, arroz e batatas que se podem encontrar nos mercados. De resto a comida gira muito à volta do peixe, marisco e frango, usam muito a mandioca a castanha de caju, o amendoim, o coco e as frutas tropicais. Do que experimentei de novo em Moçambique lembro-me da chima que é uma pasta de farinha de arroz com coco, da matápa uma espécie de esparregado de folhas de mandioca, do caril de amendoim, do frango à zambeziana com coco… tudo excelente. Os doces também são interessantes…




As pessoas:



Os transportes:




Os problemas:

Além do problema da HIV / AIDS, a taxa de mortalidade infantil é de 115 / 1000 e a expectativa média de vida é de 42,07 anos... a extrema pobreza e anafalbetismo são dois problemas grandes. Apenas 1/3 dos moçambicanos até aos 15 anos de idade são capazes de ler e escrever. O ensino primário em Moçambique é gratuito. No entanto, o ensino secundário não. No final de 1995, cerca de 60% de crianças em idade escolar frequentou a Escola Primária. Só uma percentagem muito pequena destes alunos, cerca de 7%, passou para a escola secundária. No final do ano civil de 1995 havia cerca de sete mil alunos que participaram das três instituições de nível superior.






E pronto, estava na hora de regressar o João e o Vasco que foram uns anfitrião excelentes levaram-me ao aeroporto, pelo caminho fartámos-nos de rir com o Vasco a imitar a pronúncia do norte de Moçambique (vou ver se depois acrescento o vídeo) e fica esta foto do momento em que entrei no avião e me despedi dos meus amigos que se vêem na varanda.





Fizemos uma escala na Beira, acho que outra em Inhambane e aproveitei para tirar mais umas fotografias aéreas. Nas duas últimas podem ver Maputo... adorei a viagem mas o que as viagens têm de bom é que quando acabam fica sempre a alegria do voltar a casa e de matar as saudades dos amigos!





No fim desta viagem e de tantos dias de mato precisava no mínimo de um bom spa... mas não... tinha de chegar a Maputo e numa hora correr para o hotel e arranjar-me/desencardir-me para ir apresentável a um cocktail na embaixada de Portugal...


33 comments:

By vanilla on MAPUTO Contrastes... on 8/25/06 said...

Para começar...já adorei o blog amiga, está muito giro! BJOOSS

By vanilla on MAPUTO Contrastes... on 8/26/06 said...

PS - E fui autora do teu 1º comment! (e agora do 2º):-)

By vanilla on O MAIS IMPORTANTE Os amigos... de todas as cores... on 8/30/06 said...

Adorei as fotos amiga!Saudades!

By vanilla on CARTA Queridos Amigos!!! Aqui vão algumas fotog... on 9/12/06 said...

SAUDADES tenho eu agora....q tu nunca mais voltas!!!

By JCD on CARTA Queridos Amigos!!! Aqui vão algumas fotog... on 9/13/06 said...

um blog a não perder. "Out of Africa" versão séc XXI sem a Meryl Streep e o Robert Redford. O Sydney é que não te conhece. Venham de lá mais fotografias, ok?

By Basílio on CARTA Queridos Amigos!!! Aqui vão algumas fotog... on 9/14/06 said...

Lindo
Continua. Parece que estás a ter umas férias maravilhosas ..... lol

By Sandra on CARTA Queridos Amigos!!! Aqui vão algumas fotog... on 9/19/06 said...

Espectacular! Afinal estás a trabalhar ou de férias? Conseguiste juntar o útil ao agradável!
Volta logo, estou com saudades!:)

By mulato on CATEMBE Uma quinta fantástica! Anfitriões excele... on 9/19/06 said...

ahhh q maravilha!

By Anonymous on CARTA Queridos Amigos!!! Aqui vão algumas fotog... on 9/25/06 said...

Será que voltas? Será que partirás para outra aventura? Este cantinho à beira mar plantado espera por ti.
As fotos estão muito giras..nem sonhas o sucesso que fizeram no banco...vamos lá saber porquê..

By Anonymous on CARTA Queridos Amigos!!! Aqui vão algumas fotog... on 9/25/06 said...

Cunhada gosto de todas as fotos. Vê lá se mandas o voucher para a viagem e alojamento....tá descansada que não levo os indios ou será que serão os pigmeus

By Tiago Pinhal on MANEL JÁ ESTAMOS CHEIOS DE SAUDADES! on 9/28/06 said...

:) Grande jantarada!

By Anonymous on EU Os primeiros 5 meses em África... Apesar das "... on 10/5/06 said...

A princesa de áfrica !!!

By Zé Fonseca Costa on CHIDENGUELE Mais um fim-de-semana fora... Mais 30... on 10/5/06 said...

Lindo !! Acho que estás a dar um exemplo de que como a vida é bela !!! Comtinua a enviar essa belas fotos .... que a mim já me estás a convencer....
Até a música é boa !!!
Beijos

By Zé on EU Os primeiros 5 meses em África... Apesar das "... on 10/5/06 said...

Sempre muito fotogénica !!!
Solteira ? O meu nº é 96... tatatata !!!
Beijos

By Tiago Pinhal on AMIGOS NO CHONGOENE Enquanto eu andava em viagem ... on 10/26/06 said...

É verdade. Parece que a diversão por cá nunca pára. :)

By Anonymous on AMIGOS NO CHONGOENE Enquanto eu andava em viagem ... on 10/27/06 said...

Nunca parou, não pára nem nunca vai parar...

By mulato on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 10/30/06 said...

filha da mãe...
q maravilha!

By Miguel Trindade on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 10/31/06 said...

és a maior!!! Quero ser como tu!!!
Tamos juntos!!

By João Borges on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 11/8/06 said...

Cara Patricia,

Descobri este Blog por acaso. Para alguem como eu que viveu até aos vinte e poucos anos em Portugal e que a partir dessa idade arrancou em trabalho, férias e para viver pelo mundo com algumas passagens por África a última das quais há 1mês, toca-me na alma.

Os meus parabéns,

By Diana Jesus on A DESPEDIDA As minhas queridas amigas de Moçambiq... on 11/13/06 said...

Olá lindinha, então já estás em portugal?
Olha lancei te um desafio vai ver nos posts do meu blog.
Espero que aceites.
Beijokas

By Ruca on BAZARUTO Lamentável a desgraça que se abateu sobr... on 11/13/06 said...

Please mostra as fotos de Bazarute:))) É um dos sitios de sonho que vou visitar:)

Prometo voltar com mais tempo para ler o teu Blog, tema Mocambique fascina-me:))

Bjs
Ruca

By Afonso Vaz Pinto on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 1/11/07 said...

Que mar e que saudades... tb ja andei por ai e é por ai que quero viver... para ja contento-me com um Lago que faz as vezes de mar... Lago Victoria. Cumprimentos do Uganda E, ja agora, ve-se que percebes Mocambique e Africa. Obrigado

By Antonio Filipe on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 3/20/07 said...
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By Antonio Filipe on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 3/20/07 said...

Imagens fantásticas... Nunca estive em Moçambique, mas o mar e a simpatia das pessoas faz lembrar os meus tempos na Venezuela... Saudades!

beijinhos,
Tope

By Grupo de EMRC on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 12/23/07 said...

Oi, Tão bom ver esses locais por onde andaste! Sabe bem, muito bem!

Já vivi em Pemba e conheço bem Cabo Delgado. As quirimbas são, de facto, uma pérola no índico!
Pakamelo!

Bjs***

By espumante on NOVIDADES NESTE BLOG: A Viagem ao Norte já tem as... on 5/12/08 said...

Dá gosto ver alguém gostar tanto e, sobretudo, saber gostar como a Patrícia parece saber.
Todos os lugares abaixo descritos me são familiares, por razões várias, incluindo profissionais.
Deixo-lhe aqui uma saudação e os parabéns pela forma como descreveu o passeio
Nelson Reprezas

P.S- Espero que os cocktails da Embaixada continuem a ter a qualidade que os distinguia dos de outras embaixadas :))) E os da África do Sul vinham logo em segundo lugar.

By Anonymous on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 6/7/08 said...

Funtástico. Merece ir para o www.kanimambo.com

By Anonymous on MATANDO SAUDADES! Mais um fim-de-semana em Moçam... on 6/16/08 said...

Voltei hoje de Moçambique, nunca lá tinha estado. Não sei o que se passa comigo mas no Sábado passado estava sentado no Gil Vicente (em Maputo) e decidi: tenho de morar aqui.

By Anonymous on EU Os primeiros 5 meses em África... Apesar das "... on 9/11/08 said...

Nao quero ser chamado de graxista mais uma vez, visto que esta noite ja fui chamado, hummm umas poucas vezes... ;)
Mas estamos mto fotogenicos nestas fotografias. :-)
Beija beija de Singapura!

By montres homme on NOVIDADES NESTE BLOG: A Viagem ao Norte já tem as... on 10/5/09 said...

áfrica seu um lugar belo

By Anonymous on VIAGEM AO NORTE (já com as fotografias todas!) Ti... on 7/16/10 said...

Patricia A magnifica viagem ao Norte de Moçambique merecia um texto condizente com a reportagem fotográfica. Que saudades u norte de Moçambique... Parabéns

Worldphototravel said...

Olá Patricia
Como é óbvio, adorei ainda mais os relatos da minha terra, que tive a felicidade de rever em 2010. Quem me dera ter feito o teu passeio, tanto pelo norte como no sul, mas só tive 10 dias para lá estar. Tudo o que dizes sobre o povo é 100% real e vívido.
Cresci no meio do mato Zambeziano, no meio daquele povo fantástico até aos 14 anos. Podes calcular as experiências de infância que guardo.
Os teus relatos na 1ª pessoa são melhores que a maioria de livros de viagens que tenho lido.
Parabéns.
Mando-te um link de um blog excepcional de uma médica voluntária que esteve na Zambézia, "beijo de mulata". Tenho a certeza de que vais adorar a escrita dela e a forma escorreita, inteligente e com laivos até cómicos.
Bons passeios.
Carlos Martins

Worldphototravel said...

Olá Patrícia.
Quando a saudade aperta revejo este blogue.
A tua aventura acrescenta algum tempero a este autentico deleite para os sentidos que são as fotos desta terra. Seja o interior, a costa, as cidades ou a população, tudo me emociona.
Mil obrigados!

Carlos Martins